História
O começo do Índice de Arquitetura Brasileira
Trata-se de uma iniciativa única no país ainda hoje, porque muitas das informações compiladas nele não estão disponíveis em nenhuma outra fonte impressa ou digital. O Índice de Arquitetura Brasileira é uma base referencial de artigos publicados nas principais revistas nacionais dedicadas à arquitetura, tecnologia da arquitetura, planejamento urbano, desenho industrial, comunicação visual, artes e áreas afins, todas revistas que compõem o acervo do Serviço Técnico de Biblioteca da FAU-USP.
Criado em 1950 pela bibliotecária Eunice Rheinfranck Ribeiro Costa, o Índice de Arquitetura Brasileira tornou-se uma publicação impressa em 1974 com 17 mil registros. Com a colaboração da biblitoecária Maria Stella de Castilho, as revistas foram revisitadas para ampliar a temática dos artigos selecionados. Eunice R. Ribeiro Costa coordenou os trabalhos de três edições (1950-1970, 1971-1980 e 1981-1983).
Consolidado como produto da Biblioteca da FAU-USP, as equipes de bibliotecárias responsáveis pelo Índice de Arquitetura foram se renovando. Até 1995, sob coordenação de Emily Ann Labaki Agostinho e Mônica de Arruda Nascimento, foram publicadas e distribuídas para diversas instituições mais quatro edições (1984-1989, 1990-1991, 1992-1993 e 1994-1995).
No começo dos anos 2000, acontece a primeira grande transformação do Índice de Arquitetura Brasileira ao ser transformado em uma base de dados digital. Foi necessário adequar a representação bibliográfica particular do Índice a um padrão de metadados descritivos e optou-se pelo modelo MARC21 usado nas bibliotecas da USP. Aqui vemos um exemplo de registro no Índice impresso 1994-1995 e a transcrição dele usando campos básicos do sistema MARC21 (com uma pequena falha na grafia do assunto devido a um problema tecnológico que será comentado).
Nessa fase, a Biblioteca da FAU-USP contou com os trabalhos de Ricardo Amaral de Faria e Francisco Lopes Santos para criar a base de dados usando o software Winisis (plataforma gratuita criada e mantida pela Unesco) e publicar o site. Os registros das edições impressas foram transcritos para a base de dados e somaram-se aos artigos que eram publicados a cada mês nas revistas nacionais assinadas ou recebidas pela FAU como doação, totalizando mais de 60 mil registros até 2016. Muitas dessas revistas não são mais publicadas, seja em formato impresso, seja digital.
Entre os anos 2013 e 2016, sob coordenação da bibliotecária Marcia Rossetto e colaboração da estagiária Carla Catarine Moura Queiroz, para sanar lacunas detectadas em relação a algumas revistas, foram incluídos artigos publicados, principalmente nas décadas de 1930 e anos 2000 (até 2016).
Observando as transformações do Índice de Arquitetura Brasileira e das revistas que o compõem, percebemos que que o Índice de Arquitetura Brasileira foi se transformando em um índice brasileiro de arquitetura e áreas afins, porque nele encontramos referências a produções nacionais e estrangeiras realizadas no Brasil e em diversos países.
Os trabalhos de tratamento e publicação do Índice de Arquitetura Brasileira Assim sempre contaram com o apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo, de instituições como o Ministério da Educação e Cultura para a publicação da edição 1971-1980, e de programas de fomento a pesquisa e extensão em momentos importantes de transformação: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP.
IndexAB: o projeto de revitalização do Índice de Arquitetura Brasileira
Em 2016, uma pane tecnológica no servidor de armazenamento tirou do ar o Índice de Arquitetura Brasileira e o que tínhamos para oferecer ao público eram as versões digitalizadas das edições impressas.
Foi em março de 2020, quando as atividades presenciais da Universidade de São Paulo foram suspensas por causa da pandemia de covid-19, que a equipe da Biblioteca da FAU-USP conseguiu começar a organizar as atividades que dariam início à revitalização dessa importante e única base de dados. Foram muitas pessoas envolvidas nos estudos, planejamento e execução, algumas seguem no projeto: Amarílis Montagnolli Gomes Corrêa, Rosilene Lefone e Fernanda Cezar Ribeiro da Biblioteca da FAU-USP, com apoio da chefe técnica Mônica de Arruda Nascimento; Deidson Rafael Trindade, chefe do Setor Técnico de Conectividade da FAU-USP; estagiários e bolsistas pagos com verba da FAU-USP ou do Programa Unificado de Bolsas da USP (Pró-Reitoria de Graduação), além do importante apoio acadêmico da Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento (AUP/FAU-USP) na coordenação do projeto IndexAB.
Para relançar o Índice de Arquitetura Brasileira na internet era imprescindível revisar e corrigir os dados corrompidos, sem contar os registros que podem ter sido perdidos. Com apoio do Ricardo Amaral de Faria foi possível recuperar um backup dos registros em formato .txt (bloco de notas) de 64.071 itens, no entanto não bastava converter esse arquivo de texto em planilha e transferi-la “automaticamente” para uma nova plataforma porque a corrupção dos dados implicou a ausência de letras acentuadas e sinais gráficos, o que dificulta e até impede a localização de muitos dos artigos, nome de pessoas e assuntos como vemos nos exemplos a seguir.
Para esta segunda grande transformação do Índice de Arquitetura, observamos a experiência de outras instituições culturais nacionais e estrangeiras e da própria FAU, que já estava a ponto de lançar o site Acervos estruturado com o software livre Omeka S. A opção foi por formatar o Índice de Arquitetura para usar a mesma plataforma e assim aumentar suas opções de interoperabilidade com as fontes de informação publicadas pela FAU-USP (conectando os acervos bibliográfico e iconográfico), o Portal de Busca Integrada da USP e fontes mantidas por instituições nacionais e internacionais que adotem os mesmos parâmetros descritivos, que no caso do Índice foi adaptado mais uma vez.
Convertemos o sistema descritivo de MARC21 para Dublin Core, e quando necessário incluir informações não contempladas neste modelo, complementamos com metadados de outros esquemas disponíveis no Omeka S, como Bibliographic Ontology (BibO) e FaBiO. Os mesmos padrões de metadados descritivos foram usados para criar o controle de autoridades para pessoas, entidades coletivas, eventos e premiações, uma das inovações dessa nova fase do Índice de Arquitetura Brasileira.
O projeto piloto para a revitalização do Índice de Arquitetura Brasileira demandou muito trabalho intenso desde 2020, com um ano de suspensão inesperada em 2022. Moldamos a revitalização a partir de uma amostra de 2.302 registros bastante corrompidos a partir da qual identificamos:
- as particularidades das revistas representadas, por exemplo as diferenças com que cada uma publica o mesmo projeto
- as particularidades dos tipos de artigo publicado (texto, projeto, resenha, tradução, depoimento, entrevista)
- as diferenças de tratamento da informação no Índice de Arquitetura em dois períodos em relação ao padrão próprio de catalogação que foi criado e as regras tradicionais da Biblioteconomia
- percebemos as atualizações pelas quais passou o vocabulário controlado da USP usado para representar os assuntos dos artigos (indexação)
- detectamos que algumas revistas passaram a estar disponíveis em formato digital com texto completo de acesso livre e por isso incluímos link nos respectivos registros. Dessa forma, o Índice de Arquitetura não será apenas fonte referencial, mas ponte para o texto completo.
- começamos testes de georreferenciamento dos projetos construídos que ainda existam mesmo que o uso não seja mais o mesmo.
Ainda há análises e ajustes a serem feitos para revitalizar esse instrumento de pesquisa. Trata-se de um projeto a longo prazo devido ao grande volume de dados, será necessária uma nova revisão de lacunas especialmente para contemplar as revistas publicadas a partir de 2017.
O Índice de Arquitetura Brasileira estará em constante atualização e modernização sempre que os avanços tecnológicos oferecerem novas possibilidades.